SEM AÇÚCAR
Terezinha Malaquias
Estou num processo de vida muito curioso, talvez interessante. Começo uma tentativa de me abrir para mim mesma e acolher-me.
Tenho olhado mais para dentro de mim do que para fora. Mais fundo do que na superfície. Encaro com medo, ora com coragem, todas as pessoas que eu sou. Todas as mulheres que há em mim. Sou muitas e os sentimentos se misturam como dança improvisada. Às vezes coreografada.
Encarar as dores, aceitá-las e conviver com elas. Elas moram no meu templo casa. Sinto que de alguma forma, de algum jeito, eu as convidei para morarem em mim.. Elas são chatas, mas são inquilinas da minha habitação.
Hoje de manhã, por volta das 06.00h da manhã nascendo dia, eu me sentei na minha cozinha. Coloquei a cadeira de madeira, de cor clara, bem em frente para a janela grande de vidro que precisa ser limpa quando eu quiser.
Olhei para fora e o meu olhar voltou-se para dentro. Pensei: „já que vocês dores vieram, fiquem à vontade. A casa é nossa. Podemos compartilhá-la“.
Percebi na hora que elas se ajeitaram confortavelmente, como eu nunca tinha visto antes. Sorri
aliviada. Sabia que a nossa convivência seria um desafio diário, carregado de afeito e respeito, mas sem açúcar.