quarta-feira, 18 de maio de 2022

SORVETE, BICICLETA, VERÃO NA PRIMAVERA E PORTUGUÊS

 SORVETE, BICICLETA, VERÃO NA PRIMAVERA E PORTUGUÊS

Autora: Terezinha Malaquias


Saí cedo de casa para ir a uma consulta com o meu ortopedista. Tenho ido com muita frequência no consultório dele. Além dos meus ombros, os meus joelhos têm doído muito nos últimos meses. Percebo a passagem do tempo chegando rápido demais. Não sei se gosto. Mas agora é assim.

Depois da consulta fui caminhando para o meu ateliê. No caminho vi muitas pessoas a pé ou de bicicleta. Um homem passou por mim na sua Bike cantarolando bem alto uma música italiana. Ele parecia feliz. Pensei: o calor dos 30 graus de hoje muda muito o meu humor. Talvez mude o dele também. Para melhor! Sou tropical e sinto muita falta do sol e do calor do Brasil, aqui em Freiburg. Na cidade que vim morar por amor ao homem que conheci no Brasil.

Um pouco depois das 14h voltei para casa e preparei muitos detalhes para a exposição que farei amanhã ao ar livre. No meio das gramas e das árvores. Estou ansiosamente feliz!
Às 20:35 saí novamente para ir ao atelier buscar algumas obras de arte e pegar o meu cavalete. Escolhi esse horário porque o ônibus e o bonde ficam mais vazios. Eu precisava de mais espaço e tranquilidade para transportar o meu trabalho.

Já na volta, o relógio da torre marcava 21h20 e ainda estava um pouco claro. Vejo muitas pessoas pedalando suas bicicletas. Passa um casal que parecia simpático. Ele empurra a bicicleta com uma mão. Na outra segura um sorvete que me deixou cheia de vontade. A mulher que estava com ele também tinha um sorvete numa das mãos. Conversavam e riam alegremente.

O bonde chegou e entrei com calma. Três pontos depois desci para pegar outro bonde ou um ônibus. No ponto, tive a sensação de que tinha ouvido alguém falar português de verdade. Muitas vezes penso que ouvi português, mas, na verdade, não é. Hoje no dia de verão na primavera, dia de sorvete e cantoria, era o meu português brasileiro acariciando os meus ouvidos e sensações. O melhor, era uma querida amiga que falava ao telefone o nosso idioma, mãe.
Um dia ensolarado, com o céu azul encerrava uma noite iluminada de paz pela luz do dia que ainda iluminava um pouco antes das 22h quando cheguei no meu Lar.