segunda-feira, 21 de março de 2022

COSTURA DA SAUDADE



Na mesa de trabalho, há um lindo guardanapo feito de retalhos coloridos, que eu ganhei de uma amiga, na última vez que estive em São Paulo. A amada professora Kazuyo. Sobre ele estão duas fatias de pão integral com manteiga, uma fatia de queijo amarelo e uma xícara de café com leite de aveia, sem açúcar. 

O que nós não vemos é a saudade contida nesse simples café da manhã recheado de lembranças, a memória interna que dança no coração da nostalgia. O guardanapo foi escolhido com delicadeza e propósito porque hoje, mais do que ontem, a saudade grita dentro do meu corpo inteiro, ela berra em meu ser. Neste pano, pedaços de histórias são unidos com as linhas do amor e do afeto. 

A lembrança da costura da minha mãe, assim como ela, segue eternizada em mim. Nos tempos mais difíceis, mamãe fazia as nossas roupas à mão: blusas, vestidos, calças, camisas, saias... 

O pão era feito em casa, no forno à lenha. Em tempos melhores, as roupas eram costuradas à máquina. Depois começamos a adquiri-las em lojas, muitas vezes à prestação. Os pães passaram a ser comprados.

 São Paulo sempre teve inúmeras padarias, perfumadas de sabores. Os seus cheiros povoam os meus sentidos, sensações e sentimentos que me acompanham desde o comecinho da minha adolescência até hoje. Sim, eu ainda sinto os seus aromas impregnados em mim.