quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Vou Jogar os Quilos Extra ao Vento













VOU JOGAR OS QUILOS EXTRA AO VENTO






Autora: Terezinha Malaquias


No primeiro Natal sem meu pai, minha mãe teve a ideia de convidar todas as irmãs dele, e sobrinhas/sobrinhos para o nosso triste almoço de natal. Afinal fazia um mês e dois dias que meu pai havia falecido.

De sobremesa minha saudosa tia Maria e eu, tomamos um quilo de sorvete na tentativa de adoçar a dor que gritava em nós.

No mesmo dia 25/12/2003, viajei por volta das 18H, de São Paulo, onde morava até Águas da Prata, Minas Gerais.

Na manhã seguinte comecei a fazer o Caminho da Fé, que termina na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, estado de São Paulo.




Foi muito incrível caminhar e a sensação indescritível que eu sentia, um passo após o outro, e fui com meu grupo passando por sítios, fazendas, vilarejos e cidades. Mesmo sem ter me preparado antes consegui caminhar sem dificuldade alguma. E mal acreditava nos passos dados, rumo ao destino final.




Na Basílica, participei junto com meus companheiros de andanças da missa dos peregrinos. Antes porém, telefonei para minha mãe. Pedi também para que o Eduardo e o Valdir falassem com minha com ela também. Eu chorava o tempo toda tamanha emoção por ter conseguido. E todos os dias eu sentia a presença do meu pai que era um homem do campo, como se ele caminhasse ao meu lado.




Foram treze dias de jornada que fortaleceu muito o meu interior. Amo caminhar em grupo mas, amo mais ainda caminhar comigo mesma. Em silêncio, meditação e oração, do meu jeito, à minha maneira.Contemplando as matas, o cântico dos pássaros, os animais em meio a natureza, o nascer e o pôr do sol...




Depois que voltei para casa, fui com minha mãe Dona Ozita e minha irmã Célia, para um SPA na região de Itú, interior de São Paulo. Já na entrada da recepção optei por comer apenas 600 calorias por dia. Fazer ginástica na academia que tinha lá e caminhar ao redor do SPA. E nas horas vagas ainda ia para a hidroginástica.




No terceiro dia, entendi que precisava comer mais. Meu corpo necessitava de mais calorias. E quando fui para o café da manhã, pedi para mudar para 900 calorias. E nem tive paciência ou vontade de esperar a nutricionista chegar. Estava faminta mesmo.




E nesse mesmo dia as meninas da minha família, que estavam me acompanhando resolveram me surpreender. Elas saíram de carro para conhecer a cidade. E eu não as acompanhei. Na volta, minha irmã e minha mãe, me ofereceram docinhos de leite enrolados na palha que elas tinham comprado.




A Célia, apareceu com um saquinho de doces e uma carinha de criança arteira e me perguntou se eu queria experimentar!?




Respondi que não. Eu estava me esforçando tanto para jogar alguns quilos extra fora e, não aceitaria comer "porcarias doces" e perder todo o meu trabalho suado nas atividades físicas.




Cá entre nós, confesso que sentia muita vontade de dar umas boas palmadas no bumbum da Célia. Bom, ela estava merecendo.




Dezessete anos depois, eu me lembro desses dias e dos docinhos de leite enrolados na palha e quase me arrependi de não ter comido-os. Perdi a chance de saborear aquelas delícias ao lado de duas mulheres referências na minha vida. O que eu sei hoje é que na próxima vez que alguém me oferecer delícias em forma de comida, vou comer em homengem à vida. E os quilos extra eu vou jogá-los ao vento.

#terezinhamalaquias

terça-feira, 3 de novembro de 2020


 As janelas aqui na Alemanha são bem grandes para entrar  mais luz do sol.

Hoje de manhã cedo, eu vi da janela da minha cozinha, meu vizinho do oitavo e último andar. 


Na mão esquerda ele puxava um carrinho de compras. E na direita tinha uma bengala para ajudar nos passos que agora caminham mais devagar.


Pensei na finitude da vida. Ela pode chegar a qualquer momento e idade.


Saí da janela um pouco triste e pensativa. Fui fazer o café da manhã. Afinal o dia acordou mais uma vez. Sem luz do sol, mas a minha luz interna ainda está em mim.


#terezinhamalaquias